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O que me levou a escolher a área de educação em escolas de periferia é o fato de morar em bairro e ter trabalhado 12 anos na escola como merendeira, onde observava as dificuldades no núcleo escolar, vividos pelos alunos, os professores e pais, alguns vivem lutando pela sobrevivência e outros que esperam pelas soluções por parte das autoridades. Tinha um aluno de 1ª serie que chegava à sala de aula se debruçava na classe e dormia até a hora da merenda, não conseguia ficar acordado mesmo com a insistência da professora, barulhos dos colegas, então fomos descobrir que as refeições do menino eram somente a merenda escolar, pois a família vivia com grandes dificuldades, os pais bebiam e só levavam o filho na escola para garantir o que comer, então para resolver um pouco do problema resolvemos receber o menino com um lanche antes de entrar na sala, a merenda e antes dele ir para casa ao meio dia servíamos outra refeição e depois liberávamos para casa. Este é só um dos muitos fatos que pude presenciar, tínhamos alunos moradores do lar dos meninos, retirados das famílias ou abandonados, infrator que pagava pena posando na prisão, crianças que passavam o dia nas ruas, engraxates com idade maior que os colegas, a realidade do bairro melhorou um bom pouco depois que implantaram um projeto para ocupar o tempo das crianças no contra turno da escola onde ajudam fazer os temas, trabalham outras recreações e servem merenda, mas ainda não abrange a todos os alunos mais necessitados. Será que os acadêmicos saem dos cursos preparados para trabalhar nessa realidade? |
Tânia Fatima da Silva Muliterno. - Email: taniamuliterno@yahoo.com.br |